Ministério da Cultura e Petrobras apresentam
Toi, Moi, Tituba…
Dorothée Munyaneza (Ruanda / França)
A partir do encontro com o texto “Me, You, Us:‘I, Tituba’ and the Ontology of the Trace” um estudo filosófico de Elsa Dorlin, inspirado no romance Eu, Tituba: bruxa negra de Salem, de Maryse Condée, esta criação coreográfica de Dorothée Munyaneza investiga as marcas deixadas pelo colonialismo, pela escravidão e pelo apagamento histórico. Inspirada por uma personagem marginalizada, silenciada pelos registros oficiais, a peça propõe uma escuta sensível das presenças ausentes — aquelas cuja existência foi negada, ignorada ou esquecida. A dança torna-se meio de evocação, resistência e filiação: corpo que convoca memórias, que fala com os vivos, com os mortos e com os que ainda virão.
No palco, a artista constrói um solo coletivo: um corpo-arquivo em trânsito por espaços híbridos — africanos, caribenhos, europeus, americanos — onde traços, vozes e fantasmas se cruzam. Como fazer ressoar os sonhos, as vidas e os silêncios daqueles que foram apagados pela violência colonial? Como tornar visíveis histórias para as quais não restaram documentos, apenas lacunas nos arquivos? A luz revela tanto presenças quanto ausências, abrindo espaço para o que foi calado. A obra inscreve nas páginas em branco da história os gestos e as vozes esquecidas. Trata-se de dançar o que a história tentou apagar — e, com o corpo em pé, afirmar a permanência da memória.
SOBRE A ARTISTA
Artista multidisciplinar de Ruanda, Munyaneza utiliza música, canto, texto e movimento para explorar a ruptura como força dinâmica. Inspirada por sua trajetória pessoal — da família extensa em Ruanda aos 14 anos em Londres, passando por Paris e Marselha —, ela cria performances que conectam corpo, memória e presente. Formada na Jonas Foundation em Londres e em música e ciências sociais em Canterbury, iniciou colaborações com François Verret e outros artistas internacionais. Em 2013, fundou a Compagnie Kadidi em Marselha, com repertório incluindo Samedi Détente (2014), Unwanted (2017), Mailles (2020), a capella (2022), Toi, moi, Tituba… (2023) e umuko (2024). Traduziu e encenou Hopelessly Devoted de Kae Tempest como Inconditionnelles (2024). Foi artista associada ao Théâtre de la Ville – Paris (2018–2021) e atualmente integra o Théâtre National de Chaillot, a Maison de la Danse e a Biennale de la Danse de Lyon. Laureada com o Prêmio Europeu de Dança SALAVISA (2024).
FICHA TÉCNICA
Direção artística e performance: Dorothée Munyaneza
Composição musical: Khyam Allami, Dorothée Munyaneza
Figurinos: Stéphanie Coudert
A partir do texto de Elsa Dorlin
Luz: Marine Le Vey
Light management: Anna Geneste
Sonoplastia: Camille Frachet
Produção: Cie Kadidi / Virginie Dupray
Coprodução: Tanz im August – HAU Hebbel am Ufer Berlim / Chaillot – Théâtre National de la Danse / Maison de la Danse Lyon – Pôle Européen de création / DeSingel Anvers / Pavillon ADC Genebra / TransFabrik Fund – fundo franco-alemão para as artes cênicas
Residências de criação: CCN – Ballet National de Marseille, Friche Belle de mai Marseille, Centre d’art Montévidéo Marseille, DeSingel Antwerp
Com o apoio da Fondation Camargo, Cassis / DRAC Provence-Alpes-Côte d’Azur / Montévidéo Art Centre – festival Actoral Marseille
Dorothée Munyaneza é artista associada ao Chaillot – Théâtre National de la Danse, à Maison de la Danse e à Biennale de la danse de Lyon – Pôle Européen de criação.
Duração: 55 min
Classificação indicativa: 12 anos