Ministério da Cultura e Petrobras apresentam

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© Passages Transfestival-Metz 2023 –
Photo Raoul Gilibert

Debaixo de um teto todo chão é cama

Maurício Lima (Rio de Janeiro, Brasil)

Um ensaio poético-performático sobre o sono, o sonho e a floresta.

A obra convida o público a habitar uma grande cama coletiva construída no chão — feita de edredons, colchas, mantas e colchonetes — transformando o espaço em lugar de repouso, convivência e imaginação. A pesquisa nasce de memórias de infância no Complexo do Alemão, onde o gesto de preparar uma cama para muitas pessoas no chão condensava tanto a precariedade da moradia quanto a potência de uma tecnologia coletiva de cuidado. A cada manhã, os sonhos compartilhados orientavam decisões e afetos, numa prática cotidiana que encontra ressonâncias na cosmovisão yanomami, em que todos os seres têm utupë (imagem/alma) e, portanto, também sonham.

Nesse território entre memória, política e fabulação, a performance propõe um encontro em sonho com a Serra da Misericórdia — último fragmento de Mata Atlântica da Zona Norte carioca, invisibilizado pelo Estado, mas cuidado pela comunidade local. “Sonar”, verbo-invenção que atravessa sono, sonho e som, guia a experiência: deitar junto, escutar e sonhar coletivamente. Um gesto radical de convivência que tece corpo-favela e corpo-floresta, ativando o invisível através da palavra, da escuta e da presença.

Inspirada no livro O Desejo dos Outros – uma etnografia dos sonhos yanomami, de Hanna Limulja, a performance é atravessada por questões sociais, urbanas e ecológicas, convidando a imaginar o sonho como forma de conhecimento e encontro.

Serviço

12 OUT | 17h

Classificação indicativa: 12 anos

Entrada gratuita. Retirada de senha 1h antes.

SOBRE O ARTISTA

Mauricio Lima é ator e performer formado pela Escola de Teatro Martins Pena e em Teoria da Dança, pela UFRJ. Em seu trabalho autoral tensiona questões ético-estéticas relacionadas às negritudes contemporâneas e periféricas, memórias, fabulação e performance.

Em 2024 foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro com o solo Arqueologias do Futuro, nas categorias “direção” e “dramaturgia”, junto com Dadado de Freitas, com quem divide a autoria desse trabalho. O espetáculo também foi indicado na categoria “Iluminação”, para Dadado de Freitas. Arqueologias do Futuro estreou em 2023 no Festival de Curitiba, realizando temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro, e circulando por importantes festivais de teatro do país, como o Festival Cena Expandida (DF) e Mirada (SP).

Artista contemplado no programa NEXT GENERATION da fundação Prince Claus Fund. Criou a obra transdisciplinar Museu dos Meninos – plataforma multilinguaguem a partir de memórias de homens negros do Complexo do Alemão, território de origem do artista, investigando processos de inscrição, preservação e invenção de memória. A obra foi indicada ao prêmio Shell – 2023 na categoria “Energia que vem da Gente”.

É diretor artístico e curador do Festival às Escuras, com realização do Pandêmica Coletivo Temporário de Criação, do qual faz parte. Como curador atuou junto ao Festival Panorama, Segunda Black, Observatório das Favelas e Goethe Institut – RJ.

Integra a cia carioca Teatro de Extremos e o coletivo de performance Liquida Ação.

FICHA TÉCNICA

Performance e Dramaturgia: Maurício Lima

Interlocução artística: Dadado de Freitas e Tainah Longras