Nesse solo, Wellington Gadelha mobiliza sua experiência como dançarino e ativista na periferia de Fortaleza, para denunciar as desigualdades tecno-raciais e o compartilhamento de território que mantém essas segregações. Combinando o poético com o político, ele vê o corpo do negro como um local de subjetivação exposto à violência cotidiana, um “Corpo-roleta-russa” em suas próprias palavras. Gente de lá, portanto, instala um clima de urgência, proporcional ao de tornar essas lutas visíveis e, mais amplamente, de moldar uma contra-narrativa anticolonial. Performance total, som envolvente, música, acessórios, espaço, tempo e luz, Wellington Gadelha aborda cada elemento como uma materialidade significante, com a qual ele se engaja em um diálogo gestual. A peça conecta diferentes ações, formas de dissidência, oposição e tensão, para oferecer a ele a oportunidade de redefinir as fronteiras que buscam limitá-la. Neste jogo proibido, é ele quem acaba pressionando o gatilho.

????: Renato Mangolin